Aos 24 anos, Jordan Belfort conheceu, deslumbrado, a corretora Rotschild, em Wall Street, onde fora admitido para o programa Masters of Universe – sugestivo nome dado aos profissionais que alcançavam a meta de, em dois anos, conseguir rendimento anual de US$ 250 mil. O jovem Belfort, com seu 1,60 metro de altura (ele se identificava com Napoleão Bonaparte e dizia que sua altura era desproporcional à sua audácia), não só cravou essa marca como, em dois anos, estava ganhando a mesma quantia – só que por mês e em sua própria corretora, a Stratton Oakmont. O seu lema era agressivo: “Um corretor não desliga o telefone até que o cliente compre ações ou morra.” Entre os 26 e os 36 anos ele somou uma fortuna de bilhões de dólares, foi ao topo e sofreu uma queda vertiginosa quando o sistema financeiro americano detectou fraudes em sua empresa. Belfort foi preso pelo FBI e condenado a quatro anos de reclusão, dos quais cumpriu 22 meses.
No recém-lançado livro O lobo de Wall Street, Belfort conta a sua alucinada trajetória movida a drogas, álcool, vida promíscua e aventuras radicais, um tanto suicidas. Ele descreve, por exemplo, como destruiu o campo de golfe de sua casa ao pousar seu helicóptero, pilotando-o com apenas um olho aberto – isso porque estava sob efeito de tantas drogas que tinha dupla visão. Também naufragou com um barco de 52 pés depois de desrespeitar as ordens do capitão e navegar com a cabeça cheia de psicotrópicos pelo mar Mediterrâneo durante uma tempestade.
Em suas noitadas ininterruptas, chegou a gastar US$ 600 milhões em um hotel em Los Angeles. E, quando não estava completamente fora de controle, ou só um pouco, Belfort comandava a sua corretora que fraudou os seus investidores em cerca de US$ 200 milhões. Quando a sucessão de fraudes aplicadas ficou conhecida no mercado, a revista Forbes publicou reportagem (1991) em que o descrevia como um Robin Hood às avessas, que tirava dos ricos para distribuir entre ele e seus amigos.
Nessa época Belfort ganhava US$ 12 milhões a cada três minutos. Os seus grandes ídolos eram Gordon Gekko, o atormentado personagem de Michael Douglas no filme Wall Street, e Richard Gere, em Uma linda mulher. Gekko era inclusive um de seus apelidos no mercado financeiro, o outro era Don Corleone. Mas ele gostava mesmo era de ser chamado o Lobo de Wall Street. Tanto lhe agradava que, quando nasceu o seu primeiro filho, disse: “É um menino, o meu lobinho de Wall Street!” Criado no bairro do Queens, de classe média americana, Belfort alimentava sonhos megalômanos: “A suíte presidencial, a Ferrari, a casa na praia, uma loira maravilhosa, vinhos caros, exposições de arte, o iate – esse é o retrato do cara rico de Wall Street. E esse fui eu um dia.” Há passagens deprimentes na biografia, a exemplo do momento em que estava tão alterado que empurrou sua segunda mulher escada abaixo na frente de sua filha. Hoje Belfort mora sozinho numa modesta casa de três quartos em Manhattan Beach, numa região não tão cara de Los Angeles. Os direitos de sua história já foram vendidos para Hollywood e Martin Scorsese vai dirigir um filme protagonizado por Leonardo DiCaprio que começa a ser filmado ainda neste ano.
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